– Escreve algo feliz.
– Não sei fazer isso…
– Mas é só uma frase.
– Já disse que não sei…
– Ninguém é tão triste assim! Anda, escreve algo. O tempo está acabando.
– Mas não sei. Não consigo. Já disse! Tome, leve estes escritos, cerca de trezentas páginas. Enredo. Meio e fim. Personagens cativantes e que faz…
– Eles são tristes? Melancólicos? Têm problemas psicológicos? (pausa quase constrangedora) Tudo bem, não precisa responder. Não é isso que quero. Ande, escreva algo leve e feliz! Nem que seja um verso se quer. Apenas escreva. O editorial está esperando.
– Não posso! Não sei fazer! Já falei! Leve este livreto, ou estes sonetos. Quem sabe uma crônica? Posso fazer agora!
– Com pessoas felizes? Crianças correndo no parque ou algo do tipo?
– Pensei em um pai se suicidando…
– QUE???
– Desculpa, não posso! Já falei.
– O que tu quer de mim?
– “O que tu QUERES de mim”…
– Que escreva algo alegre! Estou há horas te pedind…
– Não, só corrigi a conjugação do verbo… Eu sei o que você quer!
– Olha, já está me faltando paciência para você. Apenas escreva algo. Um verso, um parágrafo, uma linha que seja de algo bom! Não importa! Escreva!
(Pausa de raiva)
– ” Tu: segunda pessoa do singular. A qual os verbos se conjugam soando de forma plural (por receberem terminações em “es” e outras). Mas não é plural, “és tu”, mesmo sendo singular. És tu… TU… mesmo sendo singular. Justamente por ser singular, principalmente a mim. Te amo Beth Peth e te espero hoje, sem falta, para soarmos amor plural mesmo sendo singulares “
– Não entendi nada, mas serve! Obrigada Treves! Eu disse que você conseguiria!